COTIDIANO 2017-04-03T04:34:14+00:00

Pio Brasileiro, um valor a ser mantido, valores a serem agregados

 

Lê-se nas Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil – Documento 93 da CNBB na parte dedicada à Formação Permanente no número 386: “…Valorize-se o Colégio Pio Brasileiro, mantido em Roma pela CNBB para facilitar a realização dos estudos de especialização e pós-graduação…”. Valorizar significa dar valor ou reconhecer o valor ou a importância de algo. O Colégio existe para facilitar o processo de formação permanente em sua dimensão intelectual, mas o cotidiano é tecido de todas as demais dimensões: humano-afetiva, comunitária, espiritual, pastoral-missionária.

Somos um Colégio. Olhando as raízes etimológicas desta palavra, descobrimos que origina-se na palavra latina Collegium que por sua vez é composta das palavras cum+legere (ligere: recolher-escolher+cum: com, juntamente), ser escolhido junto com outros. Colégio é um conjunto, a reunião de pessoas escolhidas. Ao mesmo tempo se pode pensar em um grupo de pessoas que juntas recolhem… exercem a mesma arte.

Aqui se reúnem presbíteros para cultivar a arte da pesquisa científica. Aqui o estar reunidos no mesmo espaço é relativo, pois ninguém pode se esquecer de que missão, movimento é a vocação, a natureza, da Igreja. Logo cedo, a cada dia, todos precisam se movimentar em direção às várias Universidades, Institutos, Ateneus para o labor acadêmico pessoal.

Antes, porém de o movimento começar o dia começa com um recolhimento em torno do da Mesa da Palavra e da Eucaristia. O dia recebe seu impulso a partir da Memória de que o Senhor chamou quem Ele quis para estar com Ele (Mc 3, 14). A Eucaristia dá forma à aventura do dia, do tempo de graça da formação permanente em Roma. A celebração comunitária da Eucaristia é precedida ou prolongada na recitação pessoal da Liturgia das Horas. Os presbíteros podem também celebrar a Eucaristia com as Vésperas integradas, segundo o programa da formação acadêmica individual.

Um belo prolongamento da Mesa do Pão da Palavra e do Pão da Eucaristia é a partilha. Os momentos de refeição são ocasiões singulares para os laços de amizade e para nutrir o corpo, a partir de um cardápio que procura ser atento à cultura brasileira. Aqui é o lugar em que se aprecia a arte culinária e se cultiva a arte do encontro, afinal a vida é a arte do encontro… Novos amigos, das mais recônditas partes do Brasil, são descobertos, aspectos dos estudos de cada um são colocados em comum, dúvidas são dirimidas e nasce um aprofundamento qualificado informalmente.

A mente sadia num corpo igualmente são era o desafio já apontado pelos antigos. O aforismo não é esquecido no Pio Brasileiro onde há um espaço para treinar o físico, necessário às lides dos estudos, fazendo o corpo produzir e circular a energia que garante à mente se equilibrar com o corpo. Além do mais, alguns parques se encontram nos entornos do Colégio, oportunos para belos passeios e contato com a criação.

O cotidiano é feito de cuidados com o espaço pessoal dos quartos em que habitamos, das roupas que vestimos, experiências que nos humanizam. Aqui não estamos para sermos egrégios senhores, mas para nutrirmos, por meio da austeridade e da sobriedade, a consciência de quem se configura ao Cristo Servo.

A vida e o ministério de cada presbítero são recordados na Eucaristia, por ocasião do aniversário natalício e do aniversário da Ordenação Presbiteral. Em jantar mensal são recordados todos os aniversariantes do mês.

Muitos são os padres que colaboram com a Diocese de Roma, prestando serviço pastoral em Capelanias de Casas de Religiosas, garantindo a celebração diária da Eucaristia ou colaborando em Paróquias ou Santuários nos finais de semana através do Ministério da Reconciliação e da celebração da Eucaristia. Por ocasião do Natal e Páscoa, várias Dioceses da Itália recebem a colaboração missionária do Colégio Pio Brasileiro.

Valorizar o Pio Brasileiro é reconhecer o seu valor e agregar o valor de cada presbítero nesta aventura coletiva da Formação Permanente, uma vez que “o ministério ordenado tem uma radical ‘forma comunitária’ e pode apenas ser assumido como ‘obra coletiva’ (Pastores dabo vobis 17). A formação permanente não foge a este princípio.